segunda-feira, 7 de maio de 2012


A produção da Tradução do Novo Mundo

Foi em princípios de outubro de 1946 que Nathan H. Knorr, então presidente da Sociedade Torre de Vigia, propôs que a Sociedade produzisse uma tradução inteiramente nova das Escrituras Gregas Cristãs. O serviço de tradução começou em 2 de dezembro de 1947. O texto completo foi cuidadosamente revisto pela inteira comissão de tradução, todos eles cristãos ungidos pelo espírito. Daí, em 3 de setembro de 1949, o irmão Knorr convocou uma reunião conjunta dos quadros de diretores das corporações da Sociedade de Nova Iorque e de Pensilvânia. Anunciou-lhes que a Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia havia terminado o trabalho de tradução em linguagem moderna das Escrituras Gregas Cristãs e a havia entregue à Sociedade para publicação. Era uma tradução inteiramente nova baseada no grego original.
Havia realmente necessidade de mais uma tradução? Já naquele tempo, a Bíblia completa havia sido publicada em 190 línguas e, pelo menos em parte, havia sido traduzida em outras 928 línguas e dialetos. As Testemunhas de Jeová usaram em vários períodos a maioria dessas traduções. Mas o fato é que a maioria delas foi feita por clérigos e missionários das seitas religiosas da cristandade, e, em maior ou menor grau, suas traduções foram influenciadas pelas filosofias pagãs e tradições não-bíblicas que seus sistemas religiosos herdaram do passado, bem como pelos preconceitos da alta crítica. Ademais, manuscritos bíblicos mais antigos e mais confiáveis tornavam-se disponíveis. O entendimento da língua grega do primeiro século tornava-se mais claro em resultado de descobertas arqueológicas. Também, as línguas para as quais as traduções são feitas sofrem mudanças ao longo dos anos.

As Testemunhas de Jeová desejavam uma tradução que incorporasse os benefícios da mais recente erudição, que não fosse influenciada pelos credos e tradições da cristandade, uma tradução literal que apresentasse fielmente o que consta nos escritos originais, podendo assim fornecer a base para contínuo crescimento no conhecimento da verdade divina, uma tradução que fosse clara e compreensível aos leitores de hoje. A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, lançada em inglês em 1950, preencheu essa necessidade — pelo menos para esta parte da Bíblia. À medida que as Testemunhas de Jeová começavam a usá-la, muitos se emocionavam, não só porque achavam a linguagem moderna mais fácil de ler, mas também porque se davam conta de que estavam obtendo um entendimento mais claro do sentido da Palavra inspirada de Deus.

Uma das características notáveis dessa tradução é ter ela restaurado o nome divino, o nome pessoal de Deus, Jeová, 237 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. Não foi a primeira tradução a restaurar o nome. Mas talvez tenha sido a primeira a fazer isso coerentemente no texto principal, de Mateus a Revelação (Apocalipse). Uma análise extensa desse assunto no prefácio mostrava a base sólida para o que foi feito.
Depois disso, as Escrituras Hebraicas foram traduzidas para o inglês e lançadas progressivamente, em cinco diferentes volumes, a partir de 1953. Como se fizera com as Escrituras Gregas Cristãs, teve-se o cuidado de transmitir tão literalmente quanto possível o que estava no texto da língua original. Deu-se atenção especial a tornar uniforme a tradução, transmitindo com exatidão a ação ou o estado expresso nos verbos, e usando linguagem simples que seria prontamente compreendida por leitores da atualidade. Sempre que o Tetragrama aparecia no texto hebraico, era apropriadamente traduzido como o nome pessoal de Deus, em vez de ser substituído por algum outro termo, como se tornara comum em muitas outras traduções. Apêndices e notas de rodapé nesses volumes possibilitaram que estudantes atentos examinassem a base para as formas de tradução usadas.

Em 13 de março de 1960, a Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia terminou sua leitura final do texto da parte da Bíblia que estava programada para o quinto volume. Isto foi 12 anos, 3 meses e 11 dias depois de ter começado a tradução das Escrituras Gregas Cristãs. Alguns meses depois, esse volume final das Escrituras Hebraicas, impresso, foi lançado para distribuição.

Em vez de se dissolver depois de terminado o projeto, a comissão de tradução continuou a trabalhar. Fez-se um amplo reexame da inteira tradução. Daí, a completa Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, uma edição revisada em um único volume, foi publicada pela Sociedade Torre de Vigia (em inglês) em 1961. Foi colocada à disposição por apenas um dólar, de modo que todos, independentemente de sua situação econômica, pudessem obter um exemplar da Palavra de Deus.

Dois anos mais tarde foi publicada uma edição especial para estudantes da Bíblia. Esta juntava sob uma única capa todos os volumes originais, não revisados, com suas milhares de valiosas notas de rodapé textuais, bem como os prefácios e apêndices. Reteve também as valiosas referências cruzadas que dirigiam os leitores a palavras paralelas, pensamentos ou eventos paralelos, dados biográficos, detalhes geográficos, cumprimentos de profecias, e citações, ou fontes de citações, em outras partes da Bíblia.

Desde que foi publicada a edição de 1961 em um volume, quatro outras revisões foram lançadas. A mais recente foi em 1984, quando foi publicada uma edição em tipos grandes, com um extenso apêndice, 125.000 referências marginais, 11.400 notas de rodapé esclarecedoras e uma concordância. As particularidades dessa edição ajudam os estudantes a entender por que determinados textos têm de ser traduzidos de certa maneira para ser exatos, bem como quando outros textos podem ser corretamente traduzidos de mais de uma maneira. As referências cruzadas também os ajudam a apreciar a entrelaçadora harmonia entre os vários livros bíblicos.

Como parte do sincero empenho da Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia de ajudar os amantes da Palavra de Deus a se familiarizarem com o conteúdo do texto original em coiné (grego comum) das Escrituras Gregas Cristãs, a comissão produziu The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures, uma tradução interlinear grego-inglês das Escrituras Gregas. Foi originalmente publicada pela Sociedade Torre de Vigia em 1969 e daí atualizada em 1985. Contém The New Testament in the Original Greek, compilado por B. F. Westcott e F. J. A. Hort. No lado direito da página aparece o texto em inglês da Tradução do Novo Mundo (a revisão de 1984 na edição atualizada). Mas, entre as linhas do texto grego, há outra tradução bem literal, palavra por palavra, do que o grego realmente diz segundo o sentido básico e forma gramatical de cada palavra. Isto faz com que até mesmo estudantes que não saibam ler grego possam descobrir o que realmente consta no texto grego original.

Iria esse trabalho da Tradução do Novo Mundo beneficiar apenas os que conhecem inglês? Em muitos lugares, os missionários da Torre de Vigia achavam difícil obter suficientes Bíblias no idioma local para distribuir às pessoas que anelavam possuir um exemplar da Palavra de Deus. Não era incomum, em algumas partes do mundo, que esses missionários fossem os principais distribuidores de Bíblias impressas por outras sociedades bíblicas. Mas isso nem sempre era encarado com favor pelos religiosos que representavam essas sociedades bíblicas. Ademais, algumas dessas Bíblias não primavam pela boa tradução.

Tradução para outras línguas

No ano em que a edição completa da Tradução do Novo Mundo em inglês foi pela primeira vez publicada num único volume, ou seja, em 1961, foi reunido um grupo de tradutores peritos para traduzir o texto inglês para outros seis idiomas de largo uso — alemão, espanhol, francês, holandês, italiano e português. Traduzir a partir do inglês, suplementado com a comparação com o hebraico e o grego, foi possível por causa da natureza literal da própria tradução em inglês. Os tradutores trabalharam como comissão internacional em associação com a Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia, na sede da Sociedade em Brooklyn, Nova Iorque. Em 1963, as Escrituras Gregas Cristãs foram impressas e lançadas em todas essas seis línguas.

Em 1992, a completa Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas estava disponível em 12 idiomas — alemão, dinamarquês, eslovaco, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, japonês, português, sueco e tcheco. As Escrituras Gregas Cristãs estavam disponíveis em mais duas outras línguas. Isto significa que esta tradução estava disponível no idioma nativo de cerca de 1.400.000.000 de pessoas, mais de um quarto da população do mundo, e muitos mais se beneficiavam dela através da tradução de excertos em outros 97 idiomas em A Sentinela. Os usuários dessas 97 línguas, porém, estavam ansiosos de ter a Tradução do Novo Mundo completa em sua própria língua. Em 1992, já se faziam preparativos para produzir essa tradução em 16 desses idiomas e completar as Escrituras Hebraicas naquelas 2 línguas que tinham apenas as Escrituras Gregas Cristãs.

Visto que a publicação dessas Bíblias foi feita nas gráficas da própria Sociedade por voluntários, foi possível produzi-las a um custo mínimo. Em 1972, quando uma Testemunha de Jeová austríaca mostrou a um encadernador a Tradução do Novo Mundo em alemão e perguntou-lhe quanto achava que custaria, o homem ficou surpreso ao saber que a contribuição sugerida era apenas um décimo do preço que ele mencionara.

Alguns exemplos ilustram o impacto dessa tradução. Na França, a Igreja Católica por séculos proibiu que os leigos possuíssem a Bíblia. Traduções católicas que se tornaram disponíveis eram relativamente caras e poucas casas as tinham. A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs foi lançada em francês em 1963, seguida pela Bíblia completa em 1974. Em 1992, 2.437.711 exemplares da Tradução do Novo Mundo já haviam sido despachados para distribuição na França; e o número de Testemunhas de Jeová na França aumentou em 488 por cento durante esse mesmo período, atingindo o total de 119.674.

A situação era similar na Itália. As pessoas há muito estavam proibidas de possuir a Bíblia. Após o lançamento da edição em italiano da Tradução do Novo Mundo e até 1992, foram distribuídos 3.597.220 exemplares; a vasta maioria destes era a Bíblia completa. As pessoas queriam examinar por si mesmas o conteúdo da Palavra de Deus. E, curiosamente, nesse mesmo período, o número de Testemunhas de Jeová na Itália aumentou vertiginosamente — de 7.801 para 194.013.

Quando a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs ficou disponível em português, havia apenas 30.118 Testemunhas no Brasil e 1.798 em Portugal. Nos anos seguintes, até 1992, um total de 213.438 exemplares das Escrituras Gregas Cristãs e 4.153.738 exemplares da Bíblia completa em português foram enviados a pessoas e congregações nesses países. Com que resultados? No Brasil, acima de 11 vezes mais louvadores ativos de Jeová; e, em Portugal, 22 vezes mais. Dezenas de milhares de pessoas que jamais haviam possuído uma Bíblia alegraram-se de obter uma, e outros apreciaram ter uma Bíblia que usava palavras que podiam entender. Quando a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas — Com Referências ficou disponível no Brasil, a mídia destacou que era a mais completa versão (isto é, com maior número de referências cruzadas e notas de rodapé) disponível no país. Disse também que a impressão inicial foi dez vezes maior do que a da maioria das edições nacionais.

A edição em espanhol da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs também foi lançada em 1963, seguida em 1967 pela Bíblia completa. Foram publicados 527.451 exemplares das Escrituras Gregas Cristãs, e, depois disso, até 1992, um total de 17.445.782 exemplares da Bíblia completa em espanhol. Isto contribuiu para um notável aumento no número de louvadores de Jeová em países de língua espanhola. Assim, de 1963 a 1992, nos países de língua espanhola em que as Testemunhas de Jeová realizam seu ministério, seu número aumentou de 82.106 para 942.551. E nos Estados Unidos, em 1992, havia adicionais 130.224 Testemunhas de Jeová de língua espanhola.

Não foi apenas no domínio da cristandade que a Tradução do Novo Mundo foi recebida entusiasticamente. No primeiro ano da publicação da edição em japonês, a filial no Japão recebeu pedidos de meio milhão de exemplares.

Em 1992, a impressão da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, nas 12 línguas então disponíveis, somavam 70.105.258 exemplares. Além disso, 8.819.080 exemplares de partes da tradução haviam sido impressos.

A Bíblia torna-se disponível em muitas formas

A computadorização das operações da Sociedade Torre de Vigia, a partir de 1977, tem ajudado na produção da Bíblia, assim como em outros aspectos da atividade editora. Tem ajudado os tradutores a obter maior coerência na sua obra; também tem tornado mais fácil imprimir a Bíblia numa variedade de estilos.

Depois que se deu entrada do texto inteiro da Bíblia no computador, não foi difícil usar uma fotocompositora eletrônica para imprimir o texto numa variedade de tamanhos e formas. Primeiro, em 1981, saiu uma edição em tamanho comum em inglês com uma concordância e úteis apêndices. Foi a primeira impressão da Sociedade Torre de Vigia numa impressora off-set a bobina. Depois que os benefícios da revisão foram incorporados no texto armazenado no computador, foi lançada em inglês uma edição de tipos grandes, em 1984; esta incluía muitas valiosas particularidades para pesquisa. Uma edição de tamanho normal em inglês dessa mesma revisão também ficou disponível naquele ano; foram incluídas referências cruzadas e uma concordância, mas não notas de rodapé; e seu apêndice foi planejado para o ministério de campo em vez de para estudo mais profundo. Daí, para quem desejava uma edição de bolso bem pequena, esta foi publicada em inglês em 1987. Todas essas edições foram prontamente publicadas também em outras línguas.

Além disso, deu-se atenção a ajudar os que têm necessidades especiais. Para ajudar os que conseguem enxergar mas necessitam tipos bem grandes, em 1985 foi publicada em inglês a Tradução do Novo Mundo completa em quatro grandes volumes. Logo depois, essa mesma edição foi impressa em alemão, francês, espanhol e japonês. Antes disso, em 1983, a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, em quatro volumes, foi colocada à disposição em braile inglês, grau dois. Depois de cinco anos, a Tradução do Novo Mundo completa havia sido produzida em braile inglês em 18 volumes.

Será que alguns seriam beneficiados se pudessem ouvir uma gravação da Bíblia? Certamente. Assim, a Sociedade Torre de Vigia empreendeu a produção disso também. A primeira fita cassete foi As Boas Novas Segundo João, em inglês, lançada em 1978. Com o tempo, a inteira Tradução do Novo Mundo em inglês ficou disponível em 75 fitas cassete. O que começou como pequeno projeto, logo virou um grande empreendimento. Rapidamente tornou-se disponível em outras línguas. Em 1992, a Tradução do Novo Mundo, toda ou em parte, estava disponível em fitas cassete em 14 idiomas. De início, algumas filiais contratavam os serviços de empresas de fora. Até 1992, com o seu próprio equipamento, a Sociedade Torre de Vigia havia produzido mais de 31.000.000 dessas fitas cassete.

Os benefícios das fitas cassete da Bíblia e os usos a que se destinaram excederam em muito as expectativas iniciais. Em todas as partes da Terra as pessoas usavam toca-fitas. Muitos que não sabem ler foram assim ajudados a beneficiar-se pessoalmente da Palavra sagrada de Deus. Mulheres podiam ouvir as fitas enquanto realizavam suas tarefas domésticas. Homens ouviam-nas no toca-fitas do carro ao irem ao trabalho. A habilidade de ensino das Testemunhas de Jeová individualmente se acentuou à medida que ouviam regularmente a Palavra de Deus e atentavam à pronúncia de nomes bíblicos e a como as passagens das Escrituras eram lidas.

Em 1992, várias edições da Tradução do Novo Mundo estavam sendo impressas nas impressoras da Sociedade na América do Norte e do Sul, na Europa e no Oriente. O total de 78.924.338 volumes havia sido produzido para distribuição. Só em Brooklyn, havia três enormes impressoras off-set a bobina, de alta velocidade, dedicadas quase inteiramente à produção de Bíblias. Juntas, essas impressoras podem produzir o equivalente a 7.900 Bíblias por hora, e às vezes é preciso operar em turnos extras.

Contudo, as Testemunhas de Jeová oferecem às pessoas mais do que a Bíblia, que pode simplesmente ser colocada na estante. Também oferecem a quem quer que se interesse pela Bíblia — quer adquira um exemplar das Testemunhas de Jeová, quer não — um estudo bíblico gratuito. Esses estudos não continuam indefinidamente. Alguns estudantes levam a sério o que aprendem, tornam-se Testemunhas batizadas e passam a participar em ensinar outros. Depois de alguns meses, se não for feito progresso razoável em aplicar o que se aprende, os estudos muitas vezes são descontinuados em favor de outras pessoas que estejam genuinamente interessadas. Em 1992, as Testemunhas de Jeová prestavam esse serviço de estudo bíblico gratuito a 4.278.127 pessoas ou famílias, em geral em base semanal.

Assim, de maneira não igualada por qualquer outra organização, as Testemunhas de Jeová são publicadores e distribuidores da Bíblia e instrutores da Palavra sagrada de Deus.

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